quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Palavra Pastor Vivaldo_ Igreja Sal da Terra Vigilato

Queridos e amados irmãos, companheiros do Caminho,

Quero compartilhar com vocês um sentimento, uma crença e uma palavra. Ontem me confrontei com três situações que me entristeceram, três atitudes que demonstram o quanto nossa prática está distante de nossa fé, o quanto nosso coração está distante da humilhação requerida, o quanto nossos pés ainda se afastam do nosso próximo, o quanto nossos ouvidos ainda preferem nossa própria voz, mesmo quando confrontados com a voz de Deus via nossos irmãos. Isso tudo afeta a sensibilidade do nosso coração, nos bloqueia viver em comunhão, coloca dúvidas nas motivações de nossos irmãos quanto às suas atitudes para conosco, enfim, nos isola e nos mantém à parte. Naquilo que gostaríamos de nos proteger, acaba por nos isolar, e terminamos mais frágeis do que temíamos. “O mal que temíamos nos sobreveio”.

Me lembro ainda de um livro que li, Quebrantamento, do Richard Baxter, um livro dos puritanos, escrito há alguns séculos. Ele afirma que se nos achamos aptos a escolher as palavras que ouvimos, a julgar o que nos falam, a rejeitar as repreensões e correções, pois “somente eu sei o que estou passando”... se ninguém consegue atingir nossos corações, mesmo que em coisas tão simples, como sugerir algo além do que nos propusemos... se nossas ações colocam em primeiro plano nossas preferências, se corro para atingir os primeiros lugares, garantindo que eu ganhe, ainda que os outros percam, se não me alinho com os demais simplesmente porque “não concordo”, se não conseguimos viver uma autêntica “submissão uns aos outros”; se abrimos mão facilmente do tempo de estar juntos, sendo que o valor deste tempo não vem do que tiraremos dele, mas da troca fluida “do amor”; se não nos esforçamos um pouco a mais para encurtar compromissos, adiantar viagens, ansiando pela presença do Espírito na comunhão; se, quando estamos em dificuldade, enfermos, desempregados, carentes, solitários, nossas orações se somam, nossas lágrimas se multiplicam; mas no instante seguinte, quando as orações são respondidas, já nos achamos suficientes, já apresentamos nossas demandas, quando nossas lágrimas são substituídas por muxoxos de insatisfação e levantar de dedos de julgamento; quando os pecados dos irmãos são grandes demais, mas os nossos simples deslizes; quando no erro do nosso irmão o que importa é o quanto estávamos certos, e não o lugar de arrependimento que deve ser encontrado, e para isso deve ser indicado.. então, nos falta quebrantamento. Ainda achamos muito de nós mesmos. Nossa mente está presa pelos nossos métodos, e nos achamos melhores que Deus, pois Este, ao nos dar Sua Palavra, nos indica um caminho diferente, mas mais excelente. E Ele escolhe expressar este caminho pelos “profetas”, nossos irmãos, que andam junto conosco. Mas ainda estamos cheios de nós, e isso significa não termos nada!!! Multiplicamos nossas orações e batalhas “no espírito”, as quais podem trazer cansaço e abatimento quando se revelam infrutíferas, posto que, na verdade, lutam contra aquele a quem não se pode resistir: “Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde!!!”. Algumas de nossas batalhas, portanto, são contra Deus, e não contra o diabo, pois Deus, querendo mostrar Sua graça, não se furta a resistir à nossa arrogância e vaidade, conhecedor que é da ineficácia deste coração e ato.

Foi justamente essa a “coroa de espinhos” espetada na cabeça de Jesus, os espinhos do “cuidado com nossa própria vida”, que nos tornam infrutíferos, esses que são a verdadeira fortaleza que aprisiona nossas mentes, os sofismas e mentiras que encurralam nossa consciência. Esses espinhos foram colocados ao redor da mente de Cristo porque nunca poderiam aprisioná-lo, e ele os requereu sobre si porque “ele levou sobre si nossas fraquezas... por suas chagas fomos curados!!”. Nossa consciência é curada no sacrifício silencioso e na entrega de Cristo para perdão de todos nós. Na Sua fraqueza, venceu a inconstância de nossos pensamentos.

Vamos aprender a trilhar o caminho da verdadeira humildade, dependência e miserabilidade. Vamos “desinflar” egos e assumir nossas carências e fragilidades. Vamos nos destituir de nossa força e esperança do futuro que (achamos) podemos e queremos construir, e assumir uma esperança e aliança maior e superior, a que vem de lançar confiança e obediência ao nosso Senhor e Pai. “Em vos arrependerdes, e em sossegardes, está vossa salvação, está vossa força”. Vamos crer que nossa voz se ouve mais longe não no grito da auto-defesa, mas no silêncio da entrega.


Com muito amor.

Vivaldo J. Assis Jr.

vivaldo_jr@yahoo.com.br